Hérnia Inguinal e Hérnias da Parede Abdominal

Entenda a Doença, os Riscos e as Opções de Tratamento

As hérnias da região da virilha (hérnias inguinais) e as hérnias da parede abdominal estão entre as doenças cirúrgicas mais prevalentes no Brasil. Embora muitas vezes causem apenas desconforto inicial, podem evoluir para situações graves, exigindo atendimento emergencial. Conhecer seus sintomas, riscos e formas de tratamento é fundamental para um diagnóstico precoce e para evitar complicações.

O que é uma hérnia?

A hérnia ocorre quando uma parte do conteúdo interno do abdômen — geralmente revestida pelo peritônio — protrui através de uma área enfraquecida da musculatura abdominal.

Uma analogia clássica utilizada na cirurgia geral compara a hérnia a uma antiga bola de capotão:

  • A bola tem uma bexiga interna e um revestimento externo de couro.
  • Quando o couro resseca e racha, a bexiga começa a “escapar” pelas fissuras.

Da mesma forma, quando a musculatura abdominal perde resistência, o peritônio pode “sair” por essa abertura, gerando o abaulamento característico da hérnia.

Sintomas mais comuns

Os principais sinais que podem indicar a presença de uma hérnia incluem:

  • Abaulamento visível na virilha ou no abdômen, que pode aumentar ao esforço.
  • Dor ou desconforto, principalmente ao levantar peso, tossir ou permanecer muito tempo em pé.
  • Sensação de peso ou pressão na região.
  • Redução espontânea do abaulamento quando o paciente deita (em casos iniciais).

A persistência desses sintomas exige avaliação médica, mesmo quando não há dor intensa.

A complicação mais grave: o encarceramento

O principal risco da hérnia é o encarceramento, quando o intestino fica preso dentro do orifício herniário. Essa situação pode evoluir rapidamente para estrangulamento e falta de irrigação sanguínea, tornando a cirurgia uma urgência médica.

Em casos avançados, pode ser necessário até retirar partes do intestino comprometido. Por isso, a orientação é clara: hérnia não melhora sozinha. O tratamento definitivo é cirúrgico.

Tipos mais comuns de hérnias

1. Hérnia inguinal

  • Localizada na região da virilha.
  • É o tipo mais frequente em homens.
  • Pode ser indireta, direta ou mista.

2. Hérnias da parede abdominal

Podem ocorrer em diferentes regiões do abdômen, como:

  • Hérnia umbilical
  • Hérnia epigástrica
  • Hérnias incisionais (após cirurgias prévias)

Cada uma possui características próprias e exige avaliação individualizada.

Como é feito o tratamento

A cirurgia é o tratamento definitivo para a hérnia. O objetivo é:

  • Recolocar o peritônio e o conteúdo herniado de volta ao interior do abdômen.
  • Reforçar a área enfraquecida com uma tela sintética de alta resistência.

Essa tela promove uma cicatrização mais firme, reduzindo expressivamente o risco de recidiva.

Técnicas cirúrgicas modernas

Hoje, as técnicas minimamente invasivas são amplamente utilizadas, especialmente a laparoscopia, que oferece:

  • Incisões pequenas (“furinhos”)
  • Menor dor pós-operatória
  • Recuperação mais rápida
  • Retorno precoce às atividades
  • Melhor resultado estético

Nos casos adequados, a abordagem laparoscópica permite acessar a hérnia com precisão, reposicionar o conteúdo herniado e reforçar a musculatura com a tela.

Quando procurar um cirurgião

Você deve buscar avaliação especializada se apresentar:

  • Abaulamento persistente na virilha ou abdômen
  • Episódios de dor ao esforço
  • Histórico familiar de hérnia
  • Sintomas que pioram com atividades físicas
  • Diagnóstico confirmado por exames

Hérnia não deve ser ignorada. O tratamento realizado no momento correto evita complicações e garante um resultado seguro.

Conclusão

As hérnias inguinais e abdominais são condições frequentes, com alta taxa de sucesso quando tratadas adequadamente. O diagnóstico precoce, a avaliação individualizada e o uso de técnicas modernas — como a cirurgia minimamente invasiva com reforço de tela — são fundamentais para um tratamento seguro e eficaz.

Se você apresenta sintomas compatíveis com hérnia, procure um cirurgião do aparelho digestivo para uma avaliação completa. A intervenção no momento certo pode prevenir complicações sérias e proporcionar uma recuperação mais tranquila.