Entre os principais parâmetros utilizados para avaliar o excesso de peso está o Índice de Massa Corporal (IMC), uma ferramenta simples e amplamente aceita pela comunidade médica. Mais do que um número, o IMC é um dos critérios fundamentais para indicar quando a cirurgia bariátrica pode ser necessária como forma de tratamento.
Neste artigo, vamos explicar como o IMC é calculado, qual a sua relação com a obesidade, em que situações ele indica a cirurgia bariátrica e por que ele não deve ser analisado de forma isolada.
O que é IMC (Índice de Massa Corporal)?
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida que relaciona o peso e a altura de uma pessoa. O cálculo é feito dividindo-se o peso (em quilos) pela altura ao quadrado (em metros).
Fórmula do IMC:
IMC = Peso (kg) ÷ Altura² (m²)
Por ser de fácil aplicação e baixo custo, o IMC é utilizado em todo o mundo para classificar o estado nutricional da população adulta.
Classificação do IMC segundo a OMS
- Abaixo do peso: IMC menor que 18,5
- Peso normal: IMC entre 18,5 e 24,9
- Sobrepeso: IMC entre 25 e 29,9
- Obesidade grau I: IMC entre 30 e 34,9
- Obesidade grau II: IMC entre 35 e 39,9
- Obesidade grau III (obesidade mórbida): IMC maior ou igual a 40
Quanto maior o IMC, maior é o risco de desenvolver doenças relacionadas à obesidade e maior a gravidade do quadro clínico.
Por que o IMC é importante na obesidade?
O aumento progressivo do IMC está diretamente associado ao risco de complicações graves. Estudos mostram que pessoas com IMC elevado têm maiores chances de desenvolver:
- Diabetes tipo 2
- Hipertensão arterial sistêmica
- Dislipidemia (colesterol e triglicerídeos elevados)
- Doenças cardiovasculares (infarto, AVC)
- Apneia obstrutiva do sono
- Doenças articulares degenerativas
- Alguns tipos de câncer, como o de mama e de cólon
No Brasil, a obesidade já atinge cerca de 26% da população adulta (dados do Vigitel 2023), e esse número vem crescendo. Assim, compreender a relação entre IMC e risco de saúde é fundamental para definir estratégias de tratamento.
Quando o IMC indica cirurgia bariátrica?
A cirurgia bariátrica é considerada o tratamento mais eficaz para obesidade grave e suas complicações metabólicas. Mas sua indicação segue critérios rígidos, nos quais o IMC é determinante.
Critérios principais
- IMC ≥ 40 kg/m²: a cirurgia é indicada mesmo que o paciente não apresente doenças associadas.
- IMC ≥ 35 kg/m²: a cirurgia pode ser indicada quando existem comorbidades relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, dislipidemia e doenças articulares.
Situações especiais
Estudos mais recentes apontam que pacientes com IMC entre 30 e 34,9 e diabetes tipo 2 de difícil controle também podem se beneficiar da cirurgia bariátrica. Essa indicação ainda é restrita e deve ser avaliada caso a caso.
Benefícios da cirurgia em diferentes faixas de IMC
Pacientes com IMC ≥ 40
- Elevado risco de mortalidade precoce
- Melhora significativa na expectativa de vida após a cirurgia
- Perda de peso expressiva e sustentada
Pacientes com IMC 35–39,9
- Redução importante das comorbidades
- Melhora na qualidade de vida e capacidade funcional
- Redução da necessidade de medicamentos para hipertensão, diabetes e colesterol
Pacientes com IMC 30–34,9 (selecionados)
- Principal benefício: remissão do diabetes tipo 2
- Estudos mostram melhora no controle glicêmico em até 70% dos casos
Limitações do IMC como critério
- Não diferencia massa magra de gordura: um atleta pode ter IMC elevado sem excesso de gordura
- Não avalia a distribuição da gordura corporal: a gordura visceral (acúmulo na região abdominal) é mais perigosa que a gordura periférica
- Não considera idade, sexo ou etnia, que também influenciam na composição corporal
Por isso, o IMC deve ser interpretado dentro de um contexto clínico mais amplo.
Avaliação além do IMC: como decidir pela cirurgia?
A decisão pela cirurgia bariátrica não se baseia apenas no número do IMC. Outros fatores são avaliados:
- Histórico de tentativas de emagrecimento sem sucesso
- Presença de comorbidades
- Impacto da obesidade na qualidade de vida (limitações físicas, sociais e psicológicas)
- Exames laboratoriais e de imagem
- Avaliação multidisciplinar, envolvendo nutricionista, psicólogo, endocrinologista e cirurgião
Esse cuidado garante que a cirurgia seja indicada apenas quando realmente necessária e segura.
Benefícios da cirurgia bariátrica
- Remissão ou melhora do diabetes tipo 2
- Controle da hipertensão arterial
- Melhora da apneia do sono
- Redução do colesterol e triglicerídeos
- Redução do risco cardiovascular
- Melhora da mobilidade e das dores articulares
- Aumento da qualidade de vida, autoestima e expectativa de vida
Estudos mostram que pacientes submetidos à cirurgia bariátrica vivem mais e com menos complicações do que aqueles que permanecem apenas em tratamento clínico.
O IMC é um dos principais critérios para indicar a cirurgia bariátrica, pois reflete a gravidade da obesidade e o risco de complicações. No entanto, ele não deve ser analisado de forma isolada. A decisão deve sempre envolver uma avaliação completa, multidisciplinar e personalizada.
A cirurgia bariátrica representa um divisor de águas no tratamento da obesidade grave, oferecendo não apenas perda de peso, mas também a melhora da saúde metabólica, da qualidade de vida e da expectativa de vida.
Se você convive com obesidade e apresenta um IMC elevado, procure orientação médica especializada. Cada caso é único, e somente uma avaliação criteriosa pode indicar o melhor tratamento.