Cirurgia Bariátrica – Indicações

Quando a Cirurgia Bariátrica Está Indicada? Entenda os Critérios Atuais e Quem Realmente se Beneficia

Uma análise detalhada dos critérios oficiais, do papel do IMC, das comorbidades e da importância do acompanhamento clínico antes da decisão cirúrgica.

A cirurgia bariátrica é um tratamento altamente estruturado, voltado para uma doença complexa: a obesidade. Ela não tem finalidade estética. É indicada quando a obesidade compromete de forma significativa a saúde metabólica, cardiovascular e funcional do paciente. A ciência comprova que a obesidade, além de reduzir a qualidade de vida, aumenta o risco de mortalidade por doenças cardíacas, diabetes grave, problemas respiratórios, cânceres relacionados à obesidade e alterações articulares incapacitantes.

 

A obesidade como doença crônica e progressiva

A obesidade é classificada como uma doença crônica, multifatorial e progressiva. Isso significa que ela tende a piorar ao longo do tempo, especialmente quando existem fatores genéticos, metabólicos, hormonais e comportamentais que dificultam a perda de peso sustentada. Por isso, muitos pacientes passam anos alternando dietas, exercícios e medicamentos, sem resultados permanentes.

O papel do IMC na definição da gravidade da obesidade

O IMC (Índice de Massa Corporal) é o ponto de partida para classificar o grau da obesidade. Ele é calculado dividindo-se o peso pela altura ao quadrado. Embora seja um índice simples, ele é amplamente utilizado porque correlaciona bem com risco metabólico e mortalidade.

Classificação atual do IMC:

  • até 25 — faixa de peso normal
  • 25 a 30 — sobrepeso
  • 30 a 35 — obesidade grau 1
  • 35 a 40 — obesidade grau 2
  • 40 a 50 — obesidade grau 3 (obesidade mórbida)
  • acima de 50 — superobesidade

Critério 1: IMC acima de 35 associado a comorbidades relevantes

Quando o IMC ultrapassa 35 e há presença de doenças associadas, o risco da obesidade aumenta de forma significativa. Entre as principais comorbidades relacionadas estão:

  • diabetes tipo 2 mal controlado
  • hipertensão arterial
  • apneia obstrutiva do sono
  • dislipidemia
  • doença do refluxo gastroesofágico associada à obesidade
  • esteatose hepática avançada (gordura no fígado)
  • doenças articulares com limitação funcional
  • síndrome metabólica

Esses pacientes costumam apresentar histórico de tentativas frustradas de emagrecimento e têm maior risco de complicações a médio e longo prazo.

Critério 2: IMC acima de 40 mesmo sem comorbidades

Pacientes com IMC acima de 40 — mesmo que ainda não tenham desenvolvido doenças associadas — já apresentam indicação absoluta de cirurgia. Isso ocorre porque:

  • a chance de desenvolver comorbidades nos próximos anos é extremamente alta
  • a perda de peso sustentável com tratamentos clínicos é rara nessa faixa
  • há maior risco de progressão rápida da obesidade
  • o excesso de peso compromete a mobilidade e a qualidade de vida

A importância do histórico clínico: mínimo de 2 anos de tratamento prévio

As resoluções do CFM determinam que o paciente apresente histórico real e documentado de tentativas de emagrecimento ao longo de pelo menos dois anos. Isso inclui:

  • acompanhamento médico regular
  • dietas orientadas por nutricionista
  • prática de exercícios físicos
  • apoio psicológico
  • uso de medicações, quando indicado
  • tentativas de mudança de estilo de vida

Avaliação multidisciplinar obrigatória

Antes da cirurgia, é imprescindível que o paciente seja avaliado por uma equipe completa composta por:

  • cirurgião bariátrico
  • médico clínico
  • nutricionista
  • psicólogo
  • equipe de enfermagem

Essa avaliação define o preparo adequado, identifica riscos, orienta a técnica cirúrgica ideal e garante que o paciente esteja pronto para as mudanças necessárias no pós-operatório.

Quem realmente se beneficia da cirurgia bariátrica?

Os melhores candidatos são aqueles que:

  • apresentam IMC ≥ 35 com comorbidades importantes
  • têm IMC ≥ 40, mesmo sem doenças associadas
  • tentaram tratamentos clínicos estruturados sem sucesso
  • vivem em efeito sanfona ou ganham peso progressivamente
  • sofrem limitações funcionais e queda na qualidade de vida
  • estão motivados a seguir acompanhamento e mudanças no estilo de vida

Conclusão

Se você se identifica com esses critérios, pode ser que a cirurgia bariátrica seja indicada para o seu caso. A avaliação com um cirurgião especialista é fundamental para entender sua condição, analisar riscos e benefícios e definir o melhor plano terapêutico.

Buscar ajuda especializada é o primeiro passo para recuperar saúde, qualidade de vida e autonomia.

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